Lição de
casa: um dever para todo dia
A tarefa de casa é uma atividade
importante para a formação dos estudantes - e deve ser incentivada por pais e
professores
A rotina de estudos não deve acabar na porta da escola
Qual a importância da lição de casa?
Quanto tempo o aluno deve se dedicar aos estudos fora da sala de aula? É mesmo
fundamental haver lição de casa todos os dias? Como os pais devem
ajudar nas tarefas? O que fazer quando o estudante tem dificuldade
para fazer os exercícios propostos pelos professores? Essas são algumas dúvidas que
atormentam tanto os estudantes quanto seus pais no dia a dia da escola. Lição
de casa é um assunto sempre controverso, pois escolas diferentes seguem
procedimentos distintos. O importante é que tanto alunos quanto pais saibam que
a rotina de estudos não acaba na porta da escola, após quatro
ou cinco horas diárias de aula. Em casa, o estudo deve continuar, sob a forma
da lição de casa - também chamado de dever de casa ou tarefa de casa.
"As funções da lição de casa são sistematizar o aprendizado da sala de
aula, preparar para novos conteúdos e aprofundar os conhecimentos",
explica Luciana Fevorini, coordenadora de ensino fundamental II do Colégio
Equipe, em São Paulo. "Analisando os exercícios que os alunos resolvem
sozinhos em casa, o professor pode descobrir quais são as dúvidas de cada um e
trabalhar novamente os pontos em que eles apresentam mais
dificuldades."
"O grande desafio do professor é fazer com que o aluno consiga atribuir
significado à lição de casa", diz Eliane Palermo Romano, coordenadora
pedagógica da Escola Comunitária de Campinas. "O aluno precisa perceber a
função das tarefas para que compreenda sua importância", reitera Cleuza
Vilas Boas Bourgogne, diretora pedagógica da Escola Móbile, de São Paulo.
Leia os tópicos abaixo e tire suas dúvidas sobre a lição de casa.
Depois, faça o teste preparado
pela psicóloga Luciana Fevorini e descubra se você vem acompanhando seu filho
da maneira indicada.
A lição de casa é
importante para pais, alunos e professores.
Para o aluno, é fundamental porque faz com que ele enfrente desafios
pedagógicos fora do contexto escolar, além de ajudá-lo a construir uma
autonomia, a estabelecer uma rotina e a melhorar a capacidade de organização.
Para o professor, é uma atividade útil porque lhe permite verificar
quais são as dificuldades e deficiências dos alunos e, consequentemente, tentar
saná-las com atividades de reforço.
Para os pais, é uma maneira de acompanhar o que está sendo ensinado na
escola do filho.
Não. "Existem
três tipos diferentes de lição: aquela que sistematiza conhecimentos, a lição
preparatória para a aprendizagem e a lição de aprofundamento. As três servem a
objetivos diferentes, mas são igualmente importantes", afirma Luciana
Fevorini, do Colégio Equipe, em São Paulo. Por isso, a lição de casa não deve
ser vista apenas como uma obrigação, mas sim como uma parte fundamental dos
estudos que, se for deixada de lado, pode comprometer o aprendizado.
Especialistas classificam
a lição de casa em três tipos diferentes:
- Lição que sistematiza conhecimentos: é o tipo de lição mais comum.
Nessa modalidade, o aluno faz exercícios, sozinho. Analisando as respostas, o
professor verifica quais são os principais problemas individuais e coletivos da
turma e pode reforçar os conteúdos em que os alunos apresentam mais
dificuldades.
- Lição preparatória: é a lição que introduz um novo tema. Antes de
começar a trabalhar um novo tema, o professor pode pedir, por exemplo, que os
alunos leiam notícias de jornais relacionadas ao assunto. Assim, antes de
introduzir o novo conteúdo, ele sonda o que os estudantes já sabem sobre ele.
- Lição de aprofundamento: é a lição em que o aluno aprofunda os temas
já estudados por meio de trabalhos mais longos. Pode ser uma pesquisa sobre
determinado assunto ou a apresentação oral de um trabalho.
"Os pais devem
participar da vida escolar, sem dúvida. É importante conversar sobre o que os
estudantes aprenderam na escola, fazer uma leitura conjunta do jornal,
demonstrar curiosidade em relação à rotina de estudos. Eles podem, inclusive,
ajudar a tirar dúvidas se tiverem prazer nisso, mas não devem fazer os
exercícios pelo filho", diz Cleuza Vilas Boas Bourgogne, da Escola Móbile.
Ou seja, os pais podem ajudar, sim. Mas é importante que não atravessem a
criança. A lição de casa é, sobretudo, um exercício que o aluno deve fazer
sozinho, justamente para que os professores descubram quais são as suas
dificuldades.
O segredo é ajudar
sem oferecer respostas prontas. Um exemplo: quando a criança não sabe a grafia
de uma palavra, os pais podem orientá-la a buscar a palavra no dicionário, mas
nunca dizer imediatamente o que ela significa. Outras atitudes que podem ajudar
o filho sem comprometer o aprendizado são levá-lo até uma biblioteca ou
orientar uma pesquisa na internet. O mais importante é mesmo acompanhar, saber
se a lição está sendo feita ou se o filho está tendo problemas. Também é
interessante incentivar o aprendizado. Se a criança está estudando os
diferentes tipos de árvores, uma boa ideia é levá-la a um parque para observar
a vegetação. "Os adultos não estão proibidos de compartilhar o
conhecimento com as crianças, mas também não devem sentir-se obrigados a
fazê-lo. O ideal é que os pais não façam pela criança aquilo que ela tem
condições de realizar sozinha, mesmo que o produto não corresponda à
expectativa dos adultos", orienta Eliane Palermo Romano, da Escola
Comunitária de Campinas.
Sim, a rotina é
importante para que a criança e o adolescente se organizem. Como a criança
ainda não é capaz de estabelecer uma rotina sozinha - ela não tem autonomia
para organizar o seu dia e os seus compromissos, lidar com horários, distribuir
o tempo para brincar, fazer a lição, tomar banho, se alimentar - ela precisa da
ajuda dos pais nesse processo. "Os pais podem organizar um horário com a
criança e ter controle sobre o seu cumprimento", afirma Eliane Palermo
Romano, da Escola Comunitária de Campinas. O adolescente, porém, já tem uma
capacidade maior de organização, e pode estabelecer uma rotina sozinho - ainda
assim é sempre importante o monitoramento dos pais e, em caso de dificuldade, a
ajuda.
Sim, o ideal é que o
estudante tenha um lugar próprio para fazer a lição... Se tiver uma mesa
adequada, espaçosa, em um local ventilado, com um lugar para guardar todo o seu
material escolar, é ainda melhor. "O estudante deve ter um espaço definido
para realizar as tarefas. Fazer a lição assistindo TV ou no playground do
condomínio não favorecerá a concentração, o envolvimento e o capricho",
afirma Eliane Palermo Romano, da Escola Comunitária de Campinas.
Isso depende muito da
idade do estudante. Até a metade do Ensino Fundamental II, o que equivale ao 7º
ano, uma hora por dia é o suficiente, segundo Luciana Fevorini, do Colégio
Equipe. A partir do 8º ano, e principalmente, depois, no Ensino Médio, a
quantidade de conteúdo aumenta e, então, o tempo ideal passa a ser de cerca de
duas horas por dia. "Mas a lição de casa é uma atividade complementar, de
apoio, não pode tomar uma tarde inteira", explica Luciana. Por isso, se a
escola estiver exagerando na lição de casa, talvez seja o caso de os pais
conversarem com os professores sobre a questão. Crianças e adolescentes
precisam ter tempo para atividades extracurriculares, para praticar esportes,
para brincar e até para não fazer nada. O ócio faz parte do desenvolvimento
saudável dos jovens.
O primeiro passo é
identificar o problema. Não conseguir terminar toda a lição ou negar-se a
fazê-la pode ser, por exemplo, um reflexo do excesso de atividades da criança
ou do adolescente. Mas é importante também conversar com a escola para tentar
descobrir se o aluno tem algum problema de aprendizado. "No entanto,
independentemente do tipo de problema que o aluno está tendo, é muito
importante que ele entenda o valor coletivo da lição. Se um estudante deixa de
fazer os exercícios que a professora propõe para casa, a classe inteira pode
ser prejudicada", diz Cleuza Vilas Boas Bourgogne, da Escola Móbile.
Assim como nos casos
em que a criança ou adolescente não quer fazer a lição, o primeiro passo é
tentar entender por que o filho tem dificuldade ou pede ajuda constantemente ao
fazer os exercícios propostos para casa. Estabelecer uma parceria com a escola
para identificar o problema é parte importante desse processo. Pedir muita
ajuda na hora de fazer a lição pode ser uma tentativa de chamar a atenção dos
pais, por exemplo. "Os motivos poderão ser diversos e, assim, merecer
tratamento diverso. Mas é importante salientar que o aluno não deve ter a opção
de não fazer a lição. Se tiver dificuldade, deve ser orientado a levar as
dúvidas para a professora, para que, em classe, consiga resolvê-las",
afirma Eliane Palermo Romano, da Escola Comunitária de Campinas.
Errar como se diz
popularmente é humano - e parte do processo de aprendizagem. É muito importante
entender que o estudante - criança ou adolescente - está em uma fase de
aprendizado e é natural que cometa erros no caminho. "Nunca se deve
repreender a criança quando ela comete um erro. Isso faz parte do
aprendizado", diz Luciana Fevorini, do Colégio Equipe. "Chamar de
burro ou incompetente, então, nem pensar". É errando que se aprende.
"A principal
função da lição de casa é justamente complementar o trabalho do professor em
sala de aula", explica Luciana Fevorini, do Colégio Equipe. Por meio da
lição, o professor pode verificar quais são as principais dificuldades
individuais e coletivas dos alunos. Quando um conteúdo não é bem aprendido, os
conteúdos seguintes podem ficar prejudicados. Portanto, analisar a lição de
casa dos alunos é uma forma de fazer uma "recuperação" diária,
trabalhando os pontos em que os estudantes apresentam mais dificuldades. Além
disso, no caso da lição preparatória, ele pode fazer um apanhado dos
conhecimentos prévios da turma sobre determinado assunto, para decidir qual é a
melhor forma de introduzir um novo tema.
Além de ajudar o
trabalho do professor, a lição de casa é uma maneira de os pais saberem o que
vem sendo ensinado na escola. Acompanhando as tarefas, é possível saber o que o
filho está aprendendo, em que disciplinas ele tem mais dificuldades e se
precisa ou não de aulas de reforço. Mas atenção: acompanhar não significa fazer
a lição. Ajudar o filho eventualmente é saudável, mas é errado resolver as
questões por ele. E é importante não se intimidar diante de conteúdos
desconhecidos. Nesses casos, o melhor é ser sincero, explicar ao filho que não
sabe ou não lembra da matéria e fazer uma pesquisa conjunta. "A hora de fazer
a lição de casa também pode ser um momento de compartilhar dúvidas", diz
Cleuza Vilas Boas Bourgogne, da Escola Móbile.
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br
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